O que se come no Réveillon pelo mundo

Os pratos para festejar o ano que começa mudam bastante em cada país. Veja alguns cardápios e inspire-se!

Se para você é super natural vestir branco e comer lentilha na virada de ano, saiba que isso é algo bem brasileiro. Quem já passou a virada de ano em outros países sabe que é bem diferente. De 2009 para 2010, a minha foi em Frankfurt, Alemanha, na casa do meu irmão. Ele preparou um buffet maravilhoso com vários pratos quentes e frios e sim, havia peru, para o desespero dos brasileiros mais supersticiosos. Era inverno, então vesti minhas roupas para frio e nenhuma era branca, muito menos pulei as sete ondinhas. O que teve em comum foi o brinde e a festa que seguiu até altas horas. Decidi conversar com alguns estrangeiros para conhecer outras formas de festejar e, quem sabe, inspirar os leitores.

Árabes/ palestinos

Segundo a palestina Dima Msallam, o mais tradicional é fazer frango recheado com arroz, o Jaj Mahshy. Pesquisei e vi que há vários países do Oriente Médio que comem este prato,  encontrei diversas receitas. Uma opção gostosa e barata.

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Espanha

O madrilenho Borja Serrano explicou que, conforme a região da Espanha, mudam os pratos. Aliás, é interessante destacar que há bastante diferenças gastronômicas no país, que é uma junção de reinos, o que explica o separatismo dos catalães. Voltando ao assunto, segundo Borja, costumam comer carnes. Em Madrid, ele afirma que é muito  comum comer peixe assado no forno com batatas, o Besugo al horno con patatas panaderas ou patatas escalfadas, “na minha família é o que costumamos comer, até porque é um prato mais leve para consumir à noite”, conta Borja. A sugestão para quem está no Brasil é utilizar merluza. Basta procurar no Google e aparecerão muitas receitas.

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República Democrática do Congo

Primeiramente, é bom destacar que a República Democrática do Congo não é o mesmo país que o Congo, embora quem nasça em ambos os países seja congolês. Segundo Francis Mwanza, em sua terra natal, as festividades ocorrem no dia 1º de janeiro, “no meu primeiro ano aqui no Brasil fui à Cidade Baixa e estava tudo fechado, estranhei muito”, lembra o jovem. A Cidade Baixa é um tradicional bairro boêmio de Porto Alegre , onde ele mora. Na última noite do ano, é tradição na República Democrática do Congo ir à igreja e encerrá-lo de maneira mais espiritual para iniciar o próximo junto a Deus. As comemorações não tem uma comida típica, eles comem os pratos tradicionais mesmo, compostos por frango, feijão, banana da terra e peixes. Gosto de destacar as sambusas, que são uns pastéis fritos com recheios como peixe, carne e vegetais. Outro ícone dos países da região é o fufu, o acompanhamento de muitos pratos, é tipo uma polenta. É uma massa cozida à base de farinhas de milho, arroz, ou mandioca, varia conforme o local.

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Fufu com coxa de frango. Foto: Benketaro

África do Sul

Assim como nós, os sul-africanos estão no verão agora. Segundo a Natalie Chicksen, em seu país eles costumam fazer um típico churrasco americano ao ar livre, com carnes, linguiças e saladas de acompanhamento, entre elas, a de batata. Segundo ela, também tem muita cerveja. “Não pode faltar a cerveja, aqui gostam muito!”, afirma. Quem preferir vinho (como eu) pode optar pelos vinhos sul-africanos, que são deliciosos (recomendo).

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Alemanha

Eu já falei inicialmente como foi a minha experiência. Procurei uma amiga alemã, a Judith Kratz, para saber mais. Segundo ela, é muito comum os germânicos se deliciarem com fondue de queijo e raclete, que é um queijo derretido junto de vários acompanhamentos, como pão, cogumelos, bacon e o que mais quiser. “O pão sempre tem, os alemães amam pão!”, explica. Pelo que vi, é um cardápio condizente com as baixas temperaturas.

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Hungria

Por lá os pratos também tem a ver com o frio, mas um se destaca. É o Disznó Kocsonya, que é uma gelatina de porco. De acordo com a húngara Szilvia Simai, ela é saborosa e exige muitas técnicas e tempo em sua preparação. “Fica muito interessante, leva vários condimentos, como a pimenta, e tem que saber a técnica de congelamento ao preparar”, explica. Este prato tive um pouco mais de dificuldade de encontrar receitas, então ao final desta matéria tem uma receita que achei em um grupo de receitas húngaras no Facebook.

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Ouça a versão de rádio desta matéria!

Disznó Kocsonya [kocsonya de porco]

Este prato é conhecido e muito apreciado na Hungria, pode ser feito com diversas carnes. 

• Ingredientes:

Carnes:
½ cabeça de porco, 2 pés, couro e 2 joelhos, completando assim mais ou menos 2 kg.
½ kg de carne (pernil)

Temperos:
1 folha de louro
1 maço de salsinha
1 cebola inteira
3 dentes de alho inteiros
pimenta do reino em grão (10 grãos)
paprika a gosto
sal a gosto

• Modo de preparar:
Limpar e lavar bem as carnes, colocar na panela. Acrescentar os temperos, cobrir com água e iniciar o cozimento.
Assim que abrir fervura, deixar cozinhar em fogo baixo por aproximadamente 3-4 horas, observando para que a água se mantenha sempre no mesmo nível (1½ litros mais ou menos).
Quando as carnes estiverem macias e despreendidas dos ossos, selecionar os pedaços, descartando os ossos e partes que não se deseja comer e, arrumá-los em vários pratos de sopa.
O caldo deve ser coado e depois de esfriado, a gordura removida da superfície com uma concha.
Com a concha, colocar o caldo em cima das carnes em vários pratos fundos separados, até cobrir fartamente.
Deixar esfriar e levar à geladeira, mas não congelar.

Assim que adquirir a consistência de uma gelatina, regar com suco de limão e consumir.

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Esta receita foi enviada por Zita Kalmar Viquetti, de Jundiaí, SP.

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O médico que usa as panelas contra o câncer

Dieta centrada em vegetais é importante aliada no tratamento contra o câncer.

Quimioterapia, radioterapia, cirurgia: nomes que assustam só de ouvir. Entretanto, a cura de um câncer não depende apenas disso, ela vem da geladeira também. Os poderes dos alimentos para tratar e evitar doenças pode não ser uma novidade para muitas pessoas, mas quando deixam de ser apenas uma crendice popular para um fato cientificamente comprovado e utilizado na medicina, fica mais do que evidente a necessidade de mudar a dieta.

O médico oncologista e nutrólogo Bruno Conte, do Instituto de Oncologia e Hematologia Hemomed, em São Paulo, aplica os poderes das frutas, verduras, dos legumes e das especiarias no combate à doença. Ele alia ao tratamento de seus pacientes a dieta centrada em vegetais, seguida pelo próprio médico e sua família.

Além de médico, ele é cozinheiro de mão cheia e mostra na prática que pratos saudáveis têm sim muito sabor. Eu participei da oficina de gastronomia promovida pela TV Armário Feminino, em São Paulo, onde o Bruno Conte ensinou receitas deliciosas e 100% saudáveis. Tive a oportunidade de degustar pratos incríveis totalmente veganos e com quase nada de gordura.

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Oncologista e Nutrólogo Bruno Conte à esquerda. Chef Wesley Morales à direita. Foto: TV Armário Feminino

De entrada, uma salada de cevadinha com vegetais crus, como cenoura, salsão, cebola roxa, alho poró, especiarias, azeite extravirgem e suco de limão. Depois, fusili integral com bolonhesa de lentilhas e tomates frescos acrescido de creme de castanhas com ervas e especiarias, como curry, para deixar cremoso. Por fim, foi preparado um estrogonofe de cogumelos Paris e Shitake, o creme de leite foi substituído por creme de castanha de caju, que foi misturado a extrato de tomates frescos e açafrão. O creme de castanha de caju é super simples de fazer, basta deixar as castanhas de molho na água por no mínimo 4 horas e máximo 2 dias. Depois é só colocar no liquidificador as castanhas com metade da água utilizada e bater. Também foi servido um suco de beterraba com maracujá e frutas vermelhas.

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salada de cevadinha
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massa com bolonhesa de lentilhas
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estrogonofe de cogumelos

Todas as delícias sem nada de origem animal. As únicas gorduras foram o pouco azeite extravirgem da salada e a própria gordura das castanhas de caju. O segredo para tanto sabor são os temperos: tudo é rico em ervas e condimentos como cúrcuma, cominho, pimenta preta e curry. “Todos são ótimos, fica a gosto de cada um o que usar, mas quanto mais variedade, melhor”, explica o médico cozinheiro.

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Temperos são uma das recomendações

A alimentação proposta prioriza frutas, legumes, arroz e massas integrais, além de eliminar qualquer tipo de óleo, mesmo o azeite, que ocasionalmente é utilizado em quantidades mínimas. Para os refogados são usados caldos de vegetais, que além de ajudar a refogar, dão cor, sabor e nutrientes.Uma pequena dose diária de nozes também é recomendada. Entretanto, ele não usa a palavra “proibido” em seus cardápios. “Não gosto de falar em proibição por gerar um estigma, falo em produtos que devem ser evitados, comidos ocasionalmente, proibido é o cigarro, por exemplo”.

Os itens que estão na lista a ser evitada são as carnes processadas, como bacon, linguiça, salsicha e até mesmo os frios, como peito de peru. “As pessoas comem peito de peru defumado, por exemplo, esperando ter uma alimentação saudável, mas não é”, alerta o oncologista. Segundo Bruno Conte, há uma recomendação da Organização Mundial de Saúde para evitar estes produtos. “Foi lançada uma nota em 2015 assinada por especialistas do mundo todo que diz que carne processada gera câncer de cólon. Não há uma quantidade segura que possa ser recomendada, o ideal é evitar”, conta o médico. Já as carnes não processadas são permitidas, desde que seja com muita moderação, como um pequeno bife uma vez por semana.“Carne vermelha pode, mas com moderação, ela é um carcinogênico grau 2, ou seja, um carcinógeno provável”, alerta.

Alimentação sem ítens de origem animal é perigosa?

A primeira pergunta que fiz ao médico foi sobre o risco de faltar ferro e vitamina B12 ao eliminar o que for de origem animal. Como médico, Bruno Conte foi categórico: não há risco de haver carência se a dieta for corretamente seguida, ou seja, com variedade de alimentos e suplementação adequada. “O ferro da carne vermelha é extremamente inflamatório, que é o ‘Ferro M’. Apesar da biodisponibilidade deste elemento na carne ser maior, tem esse risco. Já os vegetais como lentilha, grão de bico, couve e brócolis têm ferro ferro e não é o ‘Ferro M’, por isso o organismo absorve melhor”. Já em termos de vitamina B12 ele explica que há cereais acrescentados de B12, além de suplementos com preços muito acessíveis.

Oficinas

As oficinas de gastronomia fazem parte da rotina do médico. Elas são ministradas no Hemomed aos pacientes e seus familiares. Nos encontros o oncologista dá dicas como preferir cebola roxa a cebola branca, já que a roxa tem mais antioxidantes; salpicar espinafre cru nas preparações, usar e abusar da cúrcuma, que tem propriedades contra o câncer, além dos poderes do alho e do cominho, excelentes anti-inflamatórios naturais.

A oficina que assisti, da TV Armário Feminino, teve participação da nutricionista Maiara Oliveira e dos chefs Andresa Fortes e Wesley Morales,que embasaram os ensinamentos do médico e deram dicas para dar mais sabor sem perder nutrientes.

Não existe sensação melhor que comer algo maravilhoso e saber que não está fazendo mal à saúde, comer sem culpa é ainda mais gostoso.

As receitas completas estão disponíveis na TV Armário feminino.

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