Lanches diferentões para provar em SP (ou não)

Milk-shake de pudim, sanduíche de pastel, batata split. A criatividade não tem limites!

São Paulo é chamada de capital brasileira da gastronomia e faz jus ao título. Nesta cidade, você pode provar de tudo, de tudo mesmo! Conheci alguns lanches super legais que me obrigaram a falar sobre isso, afinal, o brasileiro é criativo.

 

BATATA SPLIT

A combinação de batata frita com sorvete pode não ser novidade, mas esta sobremesa é. Eles fritam batata canoa e envolvem no açúcar com canela. O sorvete e as coberturas ficam à escolha do freguês. É realmente ma-ra-vi-lho-sa! A batata pura não é doce nem salgada e prepará-la assim foi uma excelente ideia! Você pode usar a própria batata como colher e se deliciar com o contraste da batata quente e crocante com o sorvete.

Onde? No Chippers!

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Batata Split com sorvete de creme americano e cobertura de Nutella

MILK-SHAKES DE PUDIM E DE UNICÓRNIO

Se existir um troféu Diferentão SP vai para o Chippers. Impossível não se encantar com suas invenções que, além de bonitas, são deliciosas. O Milk-shake de pudim tem um pudim de verdade e delicioso em cima e a bebida toda tem seu sabor. Além disso, você não usa colher para comê-lo! Você fura o doce com o canudo e chupa! Virá o pedaço de pudim com a bebida. Já o de unicórnio tem sabor de infância, simplesmente isso! É feito com um sorvete exclusivo que mescla sabor de framboesa azul e de chiclete. Não é enjoativo, é na medida, recomendo demais, pois não é apenas um lanche decorado, o sabor casa perfeitamente com a proposta.

LANCHE DE PASTEL

O Partiu Pernil juntou o sanduíche de pernil com pastel e o resultado é este. Um sanduíche crocante. No entanto, tem que comer com talheres, porque faz bastante farelo.

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KIBIZZA

A Kibizza na verdade passou para a categoria de lanches misteriosos. Eu provei em dezembro do ano passado no Bar Violeta, localizado na rua Augusta, centro de São Paulo. Era madrugada e meus amigos pediram este ítem super diferente do cardápio. Foi uma das combinações mais malucas que já vi. Era uma pizza, mas em vez da massa, era kibe. Fizeram um kibe em formato de disco e por cima puseram as coberturas. Havia sabores como calabresa, portuguesa, enfim, os tradicionais de pizza. Ficou bom, mas o estranho de tudo isso é que voltei lá para comer novamente e fotografar, mas não achei. Mais do que isso, o garçom nunca tinha  ouvido falar. Se eu não estivesse com um grupo de amigos como testemunhas naquela noite, eu diria que sonhei. Mas é isso, você pode tentar fazer em casa. Infelizmente não tenho foto, então tente imaginar ou busque fotos nas redes sociais.

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A história do sanduíche ícone de São Paulo

No aniversário de São Paulo, conto a história do sanduíche de mortadela, que virou símbolo da comida paulistana.

Sabe aquele brilho no olhar de quando alguém fala sobre o que realmente ama e se orgulha? Foi o que vi ao conversar com o Marco Antônio Loureiro, o proprietário do Bar do Mané, no Mercado Municipal de São Paulo, no centro da capital paulista. Não é para menos, foi lá que criaram o lanche que virou um dos símbolos da gastronomia paulistana: o sanduíche de mortadela. Não é um sanduíche qualquer, é aquele enorme que leva 350g de mortadela fatiada e que o pessoal adora fotografar para mostrar que é real. O estabelecimento nasceu junto com o Mercadão, em 1933. A inauguração do primeiro grande centro de compras da cidade estava prevista para 1932, mas, devido à Revolução Constitucionalista, naquele ano, foi adiada.

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Marco Antônio não esconde o orgulho de seguir a tradição sem perder qualidade.

A história do bar iniciou com Jeremias Cardoso Loureiro, avó de Marco Antônio, e o primo, Alberto Loureiro. Eles vieram de Portugal sem a família, que chegou depois. Ambos eram de Lamego, Norte de Portugal, onde exerciam a profissão de padeiro. Os imigrantes começaram a trabalhar naquele mesmo lugar do bar atual como funcionários. Entretanto, a situação durou cerca de 3 meses. O proprietário decidiu abandonar o negócio por acreditar que não iria vingar. “O Mercado era um monstro para a época, São Paulo era pequena”, conta Marco Antônio. O então dono ofereceu a oportunidade a Jeremias, que prontamente aceitou. Após isso, ele trouxe a esposa e o filho, Manoel, que seria o “Mané”.

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Localizado no Box 14 do Mercadão, o Bar do Mané virou referência.

Antigamente era comum os estabelecimentos levarem o nome dos donos, então passou a ser Bar do Jeremias. No entanto, ao chegar a vez do filho, o que estampou o letreiro foi o apelido pelo qual era conhecido por todos: mané. “Ele trabalhou dos 9 aos 79 anos de idade aqui e eu quis deixar esta homenagem”, revela Marco Antônio ao explicar o porquê de permanecer o mesmo nome. Assim seguiu a tradição. Marco Antônio, como o pai, começou na infância. “Meu pai me chamava quando havia muito movimento para ajudar, lavando copos, servindo café, e com meu filho foi a mesma coisa”. Apesar disso, os estudos nunca ficaram de lado. O filho, Willian, hoje com 31 anos, estudou Gastronomia para seguir com o negócio. “Partiu dele, não fui eu que obriguei”, conta o proprietário. Na família, o assunto à mesa é o Mercadão e o bar. O filho já trouxe algumas inovações ao cardápio, mas todo o cuidado é pouco para não perder a essência. “Eu transformei o nome do meu pai em uma marca e hoje todo mundo conhece como Bar do Mané, mas os clientes antigos ainda lembram do meu pai quando se fala o nome”. Seu Manoel só parou de trabalhar quando morreu, em 2005.

Como começou o sandubão?

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Dica: não deixe de provar os molhos de pimenta

Voltando às décadas anteriores, os frequentadores chegavam cedo para comprar frutas, verduras, legumes, carnes e peixes para seus hoteis, açougues, restaurantes e quitandas. “Vinham e acabavam passando no bar para tomar café. Foi aí que meu pai e meu avô tiveram a ideia de fazer lanches rápidos, pois os clientes sempre estavam com pressa”, explica. Os sanduíches já ficavam prontos no balcão e tinham tamanho “normal”, com duas ou três fatias. Os mais pedidos eram os de copa, salame ou mortadela.

A polêmica começou com o fim da Tabela da Sunab, que fixava os preços nos bares. Com a possibilidade de ajustar livremente os preços, seu Manoel reajustou os lanches, mas não aumentou a quantidade de recheio. Isso gerou reclamações, então surgiu a ideia de oferecer dois tamanhos: o sanduíche da tabela, tradicional e mais barato, e o lanche caprichado, com 100g de mortadela. “Na época, 100g era um exagero”, lembra Marco Antônio. Até que um dia, funcionários decidiram fazer uma brincadeira com um freguês e puseram muito mais fatias dentro do pão. A ideia foi aprovadíssima e, no boca-a-boca, o bar começou a ser procurado pelo “lanche grande”. Hoje, a atração leva 350g do ingrediente. O sucesso é grande, em oposição ao pequeno espaço de 45m² onde sempre funcionou. “Cai a ficha quando chegam pessoas de outros estados e países querendo provar”, ressalta o dono. Diversas celebridades já visitaram, o destaque vai para o tenista Roger Federer, em 2012. “Ele é muito simpático e atencioso, mas é claro que não comeu tudo”, brinca.

Isso tudo gera muita cobrança. “Temos um nome, precisamos manter a qualidade”. Marco Antônio chega diariamente às 2h30 da madrugada para não perder a tradição de servir o café da manhã aos feirantes a partir das 4h e, depois, aos primeiros clientes do dia. A mortadela é de uma marca selecionada e é entregue diariamente para estar sempre nova. “A gente sente orgulho, essa história se mistura com a da minha família, aqui é a minha casa”.

Ouça a versão de rádio desta matéria!

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O cardápio conta a história para que todos tenham dimensão da importância do local. O menino em frente ao balcão era um cliente e nunca conseguiram descobrir sua identidade.

Pitadas ECH

Uma lista de curiosidades super legais sobre gastronomia!

Aqui tem uma lista de curiosidades em constante crescimento. Se quiser aprofundar mais nestes assuntos, é só acompanhar as matérias do Entre Cozinhas e Histórias no blog e pela Agência Radioweb.

 

  • O bauru não surgiu no município de Bauru, em SP. Ele foi criado na cidade de São Paulo
  • Abacate na sobremesa é só no Brasil mesmo. Nos outros países, ele é comido em preparações salgadas. Causa bastante estranhamento nos estrangeiros falar na versão doce
  • Na Polônia, há receitas de doces que levam alho, cebola e chicória
  • Brasileiros já precisaram fazer uma petição para poder comer frango
  • O pão de queijo se espalhou pelo Brasil a partir da década de 1950, antes disso, só se encontrava em Minas Gerais e sua receita era secreta
  • Você já ouviu falar da Revolta da Cachaça? Foi em 1660. Portugal não permitia a fabricação e comercialização da bebida. Apenas no dia 13 de setembro de 1661 a Coroa mudou de ideia e derrubou a proibição. Ficou instituída esta data como o Dia Nacional da Cachaça
  • Dom João VI amava carne de galinha, principalmente as coxas. Há relatos de que ele comeria de duas a três aves inteiras por dia
  • Em países como Tailândia e Japão não se come feijão salgado, mas doce
  • De acordo com a ABIMAPI (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados) 110 milhões de brasileiros usam o termo bolacha, enquanto que 99 milhões chamam de biscoito.
  • Na Tailândia você não vai encontrar facas na mesa, eles usam apenas garfo, colher e hashis, pois a comida já vem picada
  • O bolo de chocolate teria surgido em 1674, na Inglaterra. Tiveram a ideia de adicionar cacau à massa e de lá para cá é só amor
  • O Dia da Pizza surgiu em 1985, no estado de São Paulo. O então secretário de Turismo, Caio Luiz de Carvalho, promoveu um concurso para eleger as dez melhores receitas de mozzarela e margherita. O sucesso do evento fez com que a data de seu encerramento, 10 de julho, ficasse instituída como o Dia da Pizza. A data hoje também é comemorada em outros estados.
  • O chocolate considerado verdadeiro não tem leite e leva pelo menos 25% de massa de cacau. As marcas comerciais não são consideradas chocolate de verdade, segundo os especialistas (sigo amando da mesma forma)
  • A Rainha Elizabeth é chocolatra assumida e já comeu chocolate brasileiro
  • O estrogonofe verdadeiro não tem catchup nem tomate
  • A massa não foi criada pelos italianos, e sim pelo chineses
  • A cerveja foi criada pelos egípcios
  • Bolinho de aipim é um típico petisco brasileiro, o primeiro de todos!
  • A feijoada e o feijão com arroz não são originalmente brasileiros
  • A coxinha é criação brasileira
  • Batata, tomate, milho e cacau não existiam na Europa, vieram todos das Américas
  • O Falafel, bolinho frito de grão de bico típico do Oriente Médio, é ancestral do acarajé

 

A imagem original que usei para esta montagem está disponível neste link, conforme os direitos autorais.

 

Como é comida bósnia?

Uma das maravilhas de morar em uma cidade cosmopolita como São Paulo é poder experimentar pratos de qualquer lugar do mundo, qualquer mesmo, inclusive da Bósnia.

A Bósnia e Herzegovina é um pequeno país europeu, com cerca de 4 milhões de habitantes, resultado do desmembramento da antiga Iuguslávia.  A desintegração gerou inúmeros conflitos e foi na época da Guerra da Bósnia que Aleksandar veio ao Brasil.

Essa experiência gastronômica tive no Tchevap, chefiado pelo bósnio Aleksandar Jokanovic, cuja pronúncia é mais ou menos “iokanovitch”. Ele se considera um cidadão do mundo. Antes de vir ao Brasil morou na Alemanha e na Suíça, onde conheceu uma brasileira. Hoje ele tem uma filha de 23 anos com uma brasileira e um de 8 com uma peruana, um ambiente super cosmopolita que reflete a alma de Aleksandar. Apesar de ser jornalista, o gosto pela gastronomia falou mais alto para este cozinheiro que lida com as penelas desde os 7 anos.

Aleksandar me recebeu no horário de almoço de uma segunda-feira, cerca de uma semana após se mudar para o novo endereço, em Pinheiros, pertinho da estação de metrô Faria Lima. Antes ele tinha um foodtruck na Rua Augusta.

Tchevap, além de ser o nome do restaurante, é como se chama o prato que experimentei que, segundo Aleksandar, é o que há de mais típico de lá.

Apesar do Tchevap estar no menu da noite – durante o dia ele serve um buffet de comida brasileira com um toque bósnio,- Aleksandar gentilmente preparou um para mim. São rolinhos de carne bovina e de cordeiro moídas e preparadas em pedras vulcânicas, o que dá um gostinho de churrasco. O cordeiro é um dos ingredientes característicos daquela região. A carne fica marinando por mais de um dia. Estes rolinhos vão dentro de um pão estilo pita, aquele branquinho que se parte ao meio, chamado na Bósnia de Somun. Ao redor do pão há sementes de Dill (também chamado de Endro ou Aneto). Para finalizar, ele passa tutano bovino no pão. Como acompanhamento vem um molhinho vermelho, chamado Aivar, que é pesto de pimentão vermelho e berinjela, e o Kopar, feito de iogurte e ervas, entre elas, folhas de Dill. Ainda vêm umas batatinhas fritas com um tempero diferente, cheio de especiarias.

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Não preciso dizer que achei delicioso. Os sabores são intensos, mas não apimentados. Cada mordida é saborosa, nada ali é sem graça. Como já viajei para a Turquia, na hora comentei que se parecia com a comida turca e, de fato, Aleksandar explicou que a gastronomia dos balcãs tem muitas influências turcas, afinal, o território esteve sob o Império Otomano por séculos.

Aleksandar explicou que tchevap é uma comida do dia a dia, que se come em qualquer horário, ou seja, se estiver na Bósnia, na dúvida, coma um. ” Posso comer tchevap em qualquer hora. Tchevap é nostalgia, cada vez que eu como eu me lembro da infância, de todas as brincadeiras, tínhamos o hábito de ir a um distrito de Sarajevo para comer este lanche. Cada vez que faço me remete àquela época”, lembra Aleksandar.

 

Raio Gurmetizador

Aqui ele precisou dar uma gurmetizada, pois o original se resume a pão, carne e muita cebola crua. Outra adaptação necessária foi a criação de um tchevap vegetariano, em que a carne é substituída por rolinhos de vegetais, como lentilha. Não cheguei a provar porque, sinceramente, preferi conhecer o sabor legítimo da Bósnia,  Aleksandar explicou que essa versão nem existe em seu país. “Criei porque aqui tem muita demanda, mas lá esse movimento vegetariano ainda não chegou. Nem posso apresentar essa receita na Bósnia porque vão me crucificar”, brinca.

Perguntei se o tchevap seria a comida de rua mais comum por lá, foi quando ele explicou que não existe comida de rua em seu país, o que há são espécies de botequinhos que vendem este lanche. Assim como não há uma receita fixa, já que por ser bem popular, cada pessoa tem seu toque. No entanto, Aleksandar garante que a sua é fiel às origens, “muitas pessoas daquela região já vieram comer aqui e disseram que o que faço é igual e até melhor que o de lá”.

 

Tchevap no Brasil

Segundo Aleksandar, o brasileiro é muito curioso e aventureiro em termos de gastronomia, mas não se apega a um tipo de comida em especial. Por isso a necessidade de um buffet mais brasileiro no horário de almoço, com arroz e feijão. “O brasileiro já tem no seu DNA  arroz, feijão e farofa”. Entretanto, ele pretende ampliar o cardápio e trazer outros pratos típicos e, inclusive, sobremesas. Estamos de olho!

 

Gatronomia Bósnia 

De acordo com ele, a principal característica da gastronomia bósnia são as sopas e molhos, até pelo frio. “Raramente comemos uma comida seca. Já aqui, no Brasil, a comida costuma ser seca”, explica. Os sabores também são intensos, com muitas ervas e aromas, mas não necessariamente apimentada.

Ouça a versão para rádio desta matéria e fique ainda mais no clima bósnio com uma trilha bem típica.

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O médico que usa as panelas contra o câncer

Dieta centrada em vegetais é importante aliada no tratamento contra o câncer.

Quimioterapia, radioterapia, cirurgia: nomes que assustam só de ouvir. Entretanto, a cura de um câncer não depende apenas disso, ela vem da geladeira também. Os poderes dos alimentos para tratar e evitar doenças pode não ser uma novidade para muitas pessoas, mas quando deixam de ser apenas uma crendice popular para um fato cientificamente comprovado e utilizado na medicina, fica mais do que evidente a necessidade de mudar a dieta.

O médico oncologista e nutrólogo Bruno Conte, do Instituto de Oncologia e Hematologia Hemomed, em São Paulo, aplica os poderes das frutas, verduras, dos legumes e das especiarias no combate à doença. Ele alia ao tratamento de seus pacientes a dieta centrada em vegetais, seguida pelo próprio médico e sua família.

Além de médico, ele é cozinheiro de mão cheia e mostra na prática que pratos saudáveis têm sim muito sabor. Eu participei da oficina de gastronomia promovida pela TV Armário Feminino, em São Paulo, onde o Bruno Conte ensinou receitas deliciosas e 100% saudáveis. Tive a oportunidade de degustar pratos incríveis totalmente veganos e com quase nada de gordura.

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Oncologista e Nutrólogo Bruno Conte à esquerda. Chef Wesley Morales à direita. Foto: TV Armário Feminino

De entrada, uma salada de cevadinha com vegetais crus, como cenoura, salsão, cebola roxa, alho poró, especiarias, azeite extravirgem e suco de limão. Depois, fusili integral com bolonhesa de lentilhas e tomates frescos acrescido de creme de castanhas com ervas e especiarias, como curry, para deixar cremoso. Por fim, foi preparado um estrogonofe de cogumelos Paris e Shitake, o creme de leite foi substituído por creme de castanha de caju, que foi misturado a extrato de tomates frescos e açafrão. O creme de castanha de caju é super simples de fazer, basta deixar as castanhas de molho na água por no mínimo 4 horas e máximo 2 dias. Depois é só colocar no liquidificador as castanhas com metade da água utilizada e bater. Também foi servido um suco de beterraba com maracujá e frutas vermelhas.

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salada de cevadinha
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massa com bolonhesa de lentilhas
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estrogonofe de cogumelos

Todas as delícias sem nada de origem animal. As únicas gorduras foram o pouco azeite extravirgem da salada e a própria gordura das castanhas de caju. O segredo para tanto sabor são os temperos: tudo é rico em ervas e condimentos como cúrcuma, cominho, pimenta preta e curry. “Todos são ótimos, fica a gosto de cada um o que usar, mas quanto mais variedade, melhor”, explica o médico cozinheiro.

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Temperos são uma das recomendações

A alimentação proposta prioriza frutas, legumes, arroz e massas integrais, além de eliminar qualquer tipo de óleo, mesmo o azeite, que ocasionalmente é utilizado em quantidades mínimas. Para os refogados são usados caldos de vegetais, que além de ajudar a refogar, dão cor, sabor e nutrientes.Uma pequena dose diária de nozes também é recomendada. Entretanto, ele não usa a palavra “proibido” em seus cardápios. “Não gosto de falar em proibição por gerar um estigma, falo em produtos que devem ser evitados, comidos ocasionalmente, proibido é o cigarro, por exemplo”.

Os itens que estão na lista a ser evitada são as carnes processadas, como bacon, linguiça, salsicha e até mesmo os frios, como peito de peru. “As pessoas comem peito de peru defumado, por exemplo, esperando ter uma alimentação saudável, mas não é”, alerta o oncologista. Segundo Bruno Conte, há uma recomendação da Organização Mundial de Saúde para evitar estes produtos. “Foi lançada uma nota em 2015 assinada por especialistas do mundo todo que diz que carne processada gera câncer de cólon. Não há uma quantidade segura que possa ser recomendada, o ideal é evitar”, conta o médico. Já as carnes não processadas são permitidas, desde que seja com muita moderação, como um pequeno bife uma vez por semana.“Carne vermelha pode, mas com moderação, ela é um carcinogênico grau 2, ou seja, um carcinógeno provável”, alerta.

Alimentação sem ítens de origem animal é perigosa?

A primeira pergunta que fiz ao médico foi sobre o risco de faltar ferro e vitamina B12 ao eliminar o que for de origem animal. Como médico, Bruno Conte foi categórico: não há risco de haver carência se a dieta for corretamente seguida, ou seja, com variedade de alimentos e suplementação adequada. “O ferro da carne vermelha é extremamente inflamatório, que é o ‘Ferro M’. Apesar da biodisponibilidade deste elemento na carne ser maior, tem esse risco. Já os vegetais como lentilha, grão de bico, couve e brócolis têm ferro ferro e não é o ‘Ferro M’, por isso o organismo absorve melhor”. Já em termos de vitamina B12 ele explica que há cereais acrescentados de B12, além de suplementos com preços muito acessíveis.

Oficinas

As oficinas de gastronomia fazem parte da rotina do médico. Elas são ministradas no Hemomed aos pacientes e seus familiares. Nos encontros o oncologista dá dicas como preferir cebola roxa a cebola branca, já que a roxa tem mais antioxidantes; salpicar espinafre cru nas preparações, usar e abusar da cúrcuma, que tem propriedades contra o câncer, além dos poderes do alho e do cominho, excelentes anti-inflamatórios naturais.

A oficina que assisti, da TV Armário Feminino, teve participação da nutricionista Maiara Oliveira e dos chefs Andresa Fortes e Wesley Morales,que embasaram os ensinamentos do médico e deram dicas para dar mais sabor sem perder nutrientes.

Não existe sensação melhor que comer algo maravilhoso e saber que não está fazendo mal à saúde, comer sem culpa é ainda mais gostoso.

As receitas completas estão disponíveis na TV Armário feminino.

Como é o verdadeiro estrogonofe russo?

Conversei com uma cozinheira filha de russos sobre a receita original.

Em época de Copa do Mundo na Rússia não poderia faltar, lógico, uma matéria sobre a culinária deste país. No entanto, ao buscar pessoas com quem eu pudesse conversar sobre o tema, me deparei com o fato de que em São Paulo, a maior cidade da América Latina, praticamente não há representantes da comida típica do maior país do mundo.

Encontrei um único lugar: o Nostrôvia. Entrevistei a Olga Vereiski, filha de russos e uma das proprietárias deste atelier culinário que preserva receitas tradicionais da terra dos czares e do ballet. Eu quis saber a tradução do nome “Nostrôvia” e Olga explicou que é o que os russos dizem ao brindar. Ela já meu deu uma aulinha de russo, contando que a pronúncia é “Nasdarôvia”, pois em muitas palavras do russo a letra “o” adquire, popularmente, o som de “a”.

Passada a mini aula, de cara perguntei sobre o prato russo que se popularizou no Brasil, o strogonoff ou, conforme a gramática brasileira, estrogonofe. Para começar, não há consenso sobre a história deste prato. Só aqui, trago três versões diferentes:

Versão 1

Versão 2

Versão 3

Eu realmente queria saber como é a receita original, afinal, duvido que colocassem catchup. Foi isso mesmo que a Olga explicou: nas receitas russas não há catchup, nem tomate.

Não haver tomate faz sentido, afinal, os tomates são nativos das Américas e foram levados à Europa pelos descobridores. Outro ponto que ela destacou é que não há uma única receita de estrogonofe na Rússia. “Falar sobre o estrogonofe russo original é difícil, porque cada região faz do seu jeito, é um país muito extenso e a receita vai de acordo com o que as pessoas tinham para preparar”, contou Olga. Quanto à mostarda, que muitos usam aqui, Olga explicou que até há algumas versões que usam este condimento.

O que tem sempre é a carne, o creme de leite (também vi que originalmente usavam creme azedo em vez do creme de leite) e os cogumelos frescos, “os cogumelos precisam ser frescos, não podem ser em conserva, pois o vinagre e outros ingredientes da conserva alteram o sabor”, destacou Olga. Normalmente é usado o champignon, ou cogumelo Paris, mas pode ser utilizado também o funghi para dar mais sabor, já que o Paris tem gosto muito suave. Se quiser, coloque conhaque e flambe, mas esta parte é opcional. 

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Para finalizar, a sugestão é salpicar Dill fresco (também chamado de Aneto ou Endro), o que, segundo Olga, dará um sabor super característico da Rússia por ser uma erva bastante utilizada por lá.

Segui os passos e fiz meu estrogonofe russo. Se ficou como o verdadeiro eu não sei, mas ficou muito bom! Ah, como não tinha conhaque, coloquei whisky Jack Daniels. Também tive que fazer sem cebola, pois vi que acabou só na hora de cozinhar, assim como ficou sem o Dill, pois não achei em nenhum supermercado. Considerando que a Olga explicou que não há uma única receita, cada um coloca o que tem, posso dizer que estava legítimo.

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Gostou? Não deixe de ouvir a versão de rádio desta reportagem, que traz umas musiquinhas bem legais da Rússia. E não perca a próxima matéria sobre os outros sabores da Rússia!

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