Bolinho de chuva tem tudo a ver com quarentena!

Receita, que é bem antiga, teria sido criada para entreter as crianças que não podiam sair para brincar nos dias de chuva.

Bolinho de chuva é aquela coisa gostosa que faz parte da infância de muita gente, é uma daquelas receitas que desperta memórias afetivas.

Você já parou para pensar que ele pode ter tudo a ver com este momento de pandemia do novo coronavírus, sabia? Eu descobri isso isso há um tempinho, mais precisamente no início de Abril. Meu marido e eu pedimos pão em casa por um aplicativo de entrega. Ainda era início da quarentena aqui em São Paulo e não queríamos deixar nosso hábito de comer pão francês novinho no café da manhã de sábado. Adoramos pão francês, ou como dizemos em Porto Alegre, cacetinho. No entanto, evitamos durante a semana porque né, tem a balança.

Pedimos nosso pãozinho da padaria Viana, localizada no bairro do Paraíso, na capital paulista. Eles gentilmente enviaram uns bolinhos de chuva de brinde acompanhados de um bilhetinho explicando o significado daquele mimo. Segundo o textinho, em alguma tarde chuvosa no século passado alguém teve a ideia de fazer bolinhos fritos e passar no açúcar com canela para entreter as crianças que estavam triste por não poderem sair para brincar. Hoje a chuva que estamos esperando passar é outra, estamos todos em casa aguardando a vida voltar ao normal, então vamos comer deliciosos bolinhos de chuva!

Até postei no stories do Instagram do Entre Cozinhas e Histórias!

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Estavam muito bons! Achei tão fofo que decidi procurá-los. Quem conversou comigo foi o Daniel Relvas, sócio e diretor administrativo da padaria. “Meus filhos estão tendo aula em casa, a minha filha mais nova está no maternal e recebeu uma receita de bolinho de chuva para preparar com a família. Fizemos, gostamos muito e e meu filho ideia de fazer na padaria, até que minha esposa sugeriu enviarmos de brinde com este bilhetinho, foi um trabalho em família”, revela.

A receita foi dada pela professora Bárbara Galter e não tem segredo:

De fato foi uma ótima surpresa e tornou nosso sábado mais leve. Estavam deliciosos.

Você pode e deve ouvir o podcast com esta história pela RW Cast ou pelo seu agregador de podcast preferido!

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O que se come no Réveillon pelo mundo

Os pratos para festejar o ano que começa mudam bastante em cada país. Veja alguns cardápios e inspire-se!

Se para você é super natural vestir branco e comer lentilha na virada de ano, saiba que isso é algo bem brasileiro. Quem já passou a virada de ano em outros países sabe que é bem diferente. De 2009 para 2010, a minha foi em Frankfurt, Alemanha, na casa do meu irmão. Ele preparou um buffet maravilhoso com vários pratos quentes e frios e sim, havia peru, para o desespero dos brasileiros mais supersticiosos. Era inverno, então vesti minhas roupas para frio e nenhuma era branca, muito menos pulei as sete ondinhas. O que teve em comum foi o brinde e a festa que seguiu até altas horas. Decidi conversar com alguns estrangeiros para conhecer outras formas de festejar e, quem sabe, inspirar os leitores.

Árabes/ palestinos

Segundo a palestina Dima Msallam, o mais tradicional é fazer frango recheado com arroz, o Jaj Mahshy. Pesquisei e vi que há vários países do Oriente Médio que comem este prato,  encontrei diversas receitas. Uma opção gostosa e barata.

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Espanha

O madrilenho Borja Serrano explicou que, conforme a região da Espanha, mudam os pratos. Aliás, é interessante destacar que há bastante diferenças gastronômicas no país, que é uma junção de reinos, o que explica o separatismo dos catalães. Voltando ao assunto, segundo Borja, costumam comer carnes. Em Madrid, ele afirma que é muito  comum comer peixe assado no forno com batatas, o Besugo al horno con patatas panaderas ou patatas escalfadas, “na minha família é o que costumamos comer, até porque é um prato mais leve para consumir à noite”, conta Borja. A sugestão para quem está no Brasil é utilizar merluza. Basta procurar no Google e aparecerão muitas receitas.

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República Democrática do Congo

Primeiramente, é bom destacar que a República Democrática do Congo não é o mesmo país que o Congo, embora quem nasça em ambos os países seja congolês. Segundo Francis Mwanza, em sua terra natal, as festividades ocorrem no dia 1º de janeiro, “no meu primeiro ano aqui no Brasil fui à Cidade Baixa e estava tudo fechado, estranhei muito”, lembra o jovem. A Cidade Baixa é um tradicional bairro boêmio de Porto Alegre , onde ele mora. Na última noite do ano, é tradição na República Democrática do Congo ir à igreja e encerrá-lo de maneira mais espiritual para iniciar o próximo junto a Deus. As comemorações não tem uma comida típica, eles comem os pratos tradicionais mesmo, compostos por frango, feijão, banana da terra e peixes. Gosto de destacar as sambusas, que são uns pastéis fritos com recheios como peixe, carne e vegetais. Outro ícone dos países da região é o fufu, o acompanhamento de muitos pratos, é tipo uma polenta. É uma massa cozida à base de farinhas de milho, arroz, ou mandioca, varia conforme o local.

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Fufu com coxa de frango. Foto: Benketaro

África do Sul

Assim como nós, os sul-africanos estão no verão agora. Segundo a Natalie Chicksen, em seu país eles costumam fazer um típico churrasco americano ao ar livre, com carnes, linguiças e saladas de acompanhamento, entre elas, a de batata. Segundo ela, também tem muita cerveja. “Não pode faltar a cerveja, aqui gostam muito!”, afirma. Quem preferir vinho (como eu) pode optar pelos vinhos sul-africanos, que são deliciosos (recomendo).

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Alemanha

Eu já falei inicialmente como foi a minha experiência. Procurei uma amiga alemã, a Judith Kratz, para saber mais. Segundo ela, é muito comum os germânicos se deliciarem com fondue de queijo e raclete, que é um queijo derretido junto de vários acompanhamentos, como pão, cogumelos, bacon e o que mais quiser. “O pão sempre tem, os alemães amam pão!”, explica. Pelo que vi, é um cardápio condizente com as baixas temperaturas.

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Hungria

Por lá os pratos também tem a ver com o frio, mas um se destaca. É o Disznó Kocsonya, que é uma gelatina de porco. De acordo com a húngara Szilvia Simai, ela é saborosa e exige muitas técnicas e tempo em sua preparação. “Fica muito interessante, leva vários condimentos, como a pimenta, e tem que saber a técnica de congelamento ao preparar”, explica. Este prato tive um pouco mais de dificuldade de encontrar receitas, então ao final desta matéria tem uma receita que achei em um grupo de receitas húngaras no Facebook.

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Ouça a versão de rádio desta matéria!

Disznó Kocsonya [kocsonya de porco]

Este prato é conhecido e muito apreciado na Hungria, pode ser feito com diversas carnes. 

• Ingredientes:

Carnes:
½ cabeça de porco, 2 pés, couro e 2 joelhos, completando assim mais ou menos 2 kg.
½ kg de carne (pernil)

Temperos:
1 folha de louro
1 maço de salsinha
1 cebola inteira
3 dentes de alho inteiros
pimenta do reino em grão (10 grãos)
paprika a gosto
sal a gosto

• Modo de preparar:
Limpar e lavar bem as carnes, colocar na panela. Acrescentar os temperos, cobrir com água e iniciar o cozimento.
Assim que abrir fervura, deixar cozinhar em fogo baixo por aproximadamente 3-4 horas, observando para que a água se mantenha sempre no mesmo nível (1½ litros mais ou menos).
Quando as carnes estiverem macias e despreendidas dos ossos, selecionar os pedaços, descartando os ossos e partes que não se deseja comer e, arrumá-los em vários pratos de sopa.
O caldo deve ser coado e depois de esfriado, a gordura removida da superfície com uma concha.
Com a concha, colocar o caldo em cima das carnes em vários pratos fundos separados, até cobrir fartamente.
Deixar esfriar e levar à geladeira, mas não congelar.

Assim que adquirir a consistência de uma gelatina, regar com suco de limão e consumir.

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Esta receita foi enviada por Zita Kalmar Viquetti, de Jundiaí, SP.

Jovem vende amor em forma de bolacha em SP

Amor em forma de açúcar, manteiga e farinha. Esta é a receita de sucesso do Matheus Gabrielli.

21 de setembro, na quinta-feira da semana passada, foi o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Decidi ir atrás de histórias inspiradoras relacionadas à gastronomia e, para minha alegria, encontrei muitas. Apesar de publicar aqui no blog uma semana depois da data, acredito que continua valendo, afinal, inclusão é um tema para ser abordado todos os dias.

A versão de rádio foi ao ar no dia 21/09 pela Agência Radioweb e você pode ouvir aqui.

Eu conheci o Matheus Gabrielli, um jovem de 25 anos que, como tantos outros brasileiros, decidiu empreender após perder o emprego. Até aí nada novo, muitos fazem o mesmo, no entanto, ele tem Síndrome de Down, o que seria um obstáculo aos olhos de muita gente, exceto para ele e sua família. Ele vende biscoitos amanteigados e faz sucesso, a receita é da família. A mãe, Sandra Gabrielli, conta que a ideia surgiu por acaso, há cerca de um ano, em um momento de tristeza do rapaz. “Ele estava triste porque perdeu o emprego na empresa onde trabalhava. Eu disse que ele poderia trabalhar de outras formas, por exemplo, vendendo estas bolachas para seus amigos, na hora o Matheus se empolgou”. Sandra compartilhou no Facebook e os amigos começaram a comprar. Chegou o momento em que decidiram dar mais um passo: ela publicou em um grupo no Facebook, chamado Rede Dots, onde pessoas divulgam seus trabalhos e ideias. Segundo Sandra, o sucesso foi rápido. “Em pouco tempo eram mais de 600 comentários de interessados”, lembra.

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Eles fazem as entregas nas catracas de metrô de São Paulo por toda a cidade. Inclusive, no dia em que liguei para fazer esta entrevista, eles tinham acabado de voltar de uma entrega. Para o cozinheiro, é importante conhecer o seu público. “Eu que entrego e gosto muito”, afirma o rapaz. Hoje, em função da demanda, foi necessário criar uma agenda. A entregas ocorrem todas as quintas-feiras, fora isso, é possível encontrá-lo aos sábados vendendo seus amanteigados no Café Chefs Especiais, na Rua Augusta, capital paulista, onde o empreendedor é visto conversando e interagindo com o público animadamente. “Ele precisa de tempo para preparar a massa e para suas outras atividades, o Matheus é fotógrafo, faz teatro e dança zumba”, explica a mãe.

Mais do que uma forma de ganhar o próprio dinheiro, a cozinha foi um meio de resgatar a auto estima e a independência. Matheus despertou para a gastronomia graças ao Instituto Chefs Especiais, local que frequenta há oito anos. Hoje, ele é apaixonado pelas panelas e produz sozinho seus biscoitos. “Ele que faz, mas outras receitas mais complexas preparamos juntos, ele adora cozinhar”, conta Sandra.

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Bolacha sabor baunilha, deliciosa!

No dia em que liguei, o jovem estava justamente testando o vídeo game que havia acabado de comprar com o próprio dinheiro. Ele guarda seus lucros em um cofre. Curiosa, decidi ir conhecê-lo no sábado após esta entrevista. Cheguei lá e restavam poucos pacotes, todos do sabor baunilha, os demais estavam esgotados. Matheus me recebeu com um abraço apertado e sincero que transbordava amor. Foi um dos abraços mais gostosos que recebi na vida. Tão gostoso quanto as bolachinhas, que tive o prazer de degustar. São deliciosas, têm sabor de infância, de casa de vó. Provavelmente, graças ao amor e à dedicação do Matheus no preparo. Recomendo muito!

Onde comprar?

As entregas ocorrem em São Paulo e eles aceitam diversas formas de pagamento.

São seis sabores: baunilha, canela, laranja, limão, goiabada e coco.

Conheça mais as Bolachinhas do Matheus neste link ou visite o Café Chefs Especiais aos sábados.

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Visita deliciosa ao café Chefs Especiais. o Matheus é o do meio.

Pitadas ECH

Uma lista de curiosidades super legais sobre gastronomia!

Aqui tem uma lista de curiosidades em constante crescimento. Se quiser aprofundar mais nestes assuntos, é só acompanhar as matérias do Entre Cozinhas e Histórias no blog e pela Agência Radioweb.

 

  • O bauru não surgiu no município de Bauru, em SP. Ele foi criado na cidade de São Paulo
  • Abacate na sobremesa é só no Brasil mesmo. Nos outros países, ele é comido em preparações salgadas. Causa bastante estranhamento nos estrangeiros falar na versão doce
  • Na Polônia, há receitas de doces que levam alho, cebola e chicória
  • Brasileiros já precisaram fazer uma petição para poder comer frango
  • O pão de queijo se espalhou pelo Brasil a partir da década de 1950, antes disso, só se encontrava em Minas Gerais e sua receita era secreta
  • Você já ouviu falar da Revolta da Cachaça? Foi em 1660. Portugal não permitia a fabricação e comercialização da bebida. Apenas no dia 13 de setembro de 1661 a Coroa mudou de ideia e derrubou a proibição. Ficou instituída esta data como o Dia Nacional da Cachaça
  • Dom João VI amava carne de galinha, principalmente as coxas. Há relatos de que ele comeria de duas a três aves inteiras por dia
  • Em países como Tailândia e Japão não se come feijão salgado, mas doce
  • De acordo com a ABIMAPI (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados) 110 milhões de brasileiros usam o termo bolacha, enquanto que 99 milhões chamam de biscoito.
  • Na Tailândia você não vai encontrar facas na mesa, eles usam apenas garfo, colher e hashis, pois a comida já vem picada
  • O bolo de chocolate teria surgido em 1674, na Inglaterra. Tiveram a ideia de adicionar cacau à massa e de lá para cá é só amor
  • O Dia da Pizza surgiu em 1985, no estado de São Paulo. O então secretário de Turismo, Caio Luiz de Carvalho, promoveu um concurso para eleger as dez melhores receitas de mozzarela e margherita. O sucesso do evento fez com que a data de seu encerramento, 10 de julho, ficasse instituída como o Dia da Pizza. A data hoje também é comemorada em outros estados.
  • O chocolate considerado verdadeiro não tem leite e leva pelo menos 25% de massa de cacau. As marcas comerciais não são consideradas chocolate de verdade, segundo os especialistas (sigo amando da mesma forma)
  • A Rainha Elizabeth é chocolatra assumida e já comeu chocolate brasileiro
  • O estrogonofe verdadeiro não tem catchup nem tomate
  • A massa não foi criada pelos italianos, e sim pelo chineses
  • A cerveja foi criada pelos egípcios
  • Bolinho de aipim é um típico petisco brasileiro, o primeiro de todos!
  • A feijoada e o feijão com arroz não são originalmente brasileiros
  • A coxinha é criação brasileira
  • Batata, tomate, milho e cacau não existiam na Europa, vieram todos das Américas
  • O Falafel, bolinho frito de grão de bico típico do Oriente Médio, é ancestral do acarajé

 

A imagem original que usei para esta montagem está disponível neste link, conforme os direitos autorais.

 

Feijoada: a estrangeira que se tornou a mais brasileira de todas!

O prato símbolo da cozinha brasileira tem origens europeias. Mas isso não importa, ela é o acompanhamento perfeito para uma caipirinha de cachaça e um bom samba! Saiba mais sobre isso e ainda aprenda uma receita do Rio de Janeiro!

Falou em Brasil, falou em feijoada. Principalmente se essa imagem de Brasil tiver uma caipirinha e um samba. Entretanto, um dos maiores símbolos da gastronomia nacional não foi criado aqui, tem origens europeias. Os portugueses, em especial no Norte do país,  comem e já comiam porco e feijão preto, ingredientes básicos da receita. O que fizemos aqui foi dar nossos toques especiais e elevar o sabor ao patamar que conhecemos. Isso realmente faz sentido, afinal, feijoada é um prato pesado que não combina com o calor do Rio de Janeiro, por exemplo, onde é super popular.

Quem me contou estes fatos foi o historiador Milton Teixeira. Segundo ele,  a versão de que a feijoada surgiu com os escravos, que a preparavam com as partes do porco que os senhores não queriam, como rabo e orelha, é falsa. “Todos os países europeus têm pratos assim, com carnes variadas, conforme a disponibilidade local. Nossa feijoada surge a partir da adaptação de um prato francês, o cassoulet”, (se pronuncia cassulê). O historiador explicou que no século 18 tudo o que era da França virou moda, e não foi diferente em Portugal. O Cassoulet é feito com feijão branco e diversas carnes, como porco, frango e até perdiz, de acordo com o que se tiver. Os lusitanos passaram a usar feijão preto, pé de porco, linguiça e tudo mais que conhecemos. Chegando aqui, ganhou novas roupagens. Hoje os acompanhamentos obrigatórios são  arroz, farofa, couve, laranja e torresmo. A farofa é 100% brasileira.

 

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A feijoada, com seus acompanhamentos clássicos, não é mais apenas a comida popular do dia a dia. É Também um cardápio de festa.

Entretanto, não é por ser estrangeira que ela não tem espaço nas nossas panelas e corações. Aqui no Brasil, ela foi  transformada em algo especial. No Rio de Janeiro, antiga capital da Corte, eu nunca comi feijoada ruim, sério! Desde os restaurantes mais simples, até os mais caros e grandes eventos, todos sempre servem uma feijoada maravilhosa. Mas o destaque vai para a da Dona Leninha, tia de um amigo. A aposentada Rutelene de Lacerda, ou apenas Leninha, mora em Niterói, região metropolitana da capital fluminense. A feijoada dela está presente em todos os eventos da família, que é bem numerosa. É o cardápio oficial de qualquer festa: de aniversários a reuniões aos domingos. É uma das melhores, se não for a melhor, que já comi na vida!

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Dona Leninha começando os trabalhos

Já que vocês, leitores, não podem degustá-la, deixo a receita.

Para 1,5kg de feijão preto ( a família é grande) ela usa uma panela de pressão de 10 litros. Os ingredientes são:

  • 1 kg de carne seca
  • 1 chispe, que é o pé do porco
  • 500g de costelinha de porco defumada e salgada
  • 500g de linguiça calabresa
  • 500g de lombo de porco salgado
  • 200g de bacon
  • alho
  • 1 cebola
  • 3 folhas de louro
  • pimenta preta
  • sal

A carne seca, a costela, o pé e o lombo são deixados de molho já na véspera. No dia seguinte escalde-os umas três vezes para retirar o excesso de sal. Leve-os à panela de pressão com feijão, água, cebola,  louro e bacon. Deixe cozinhar por 40 minutos. Depois disso, coloque a linguiça, pois ela tem um tempo de cozimento menor. Conforme as carnes estiverem macias, retire-as. A costelinha, por exemplo, cozinha mais rápido e é bom não deixar que desmanche. Ao final, coloque alho frito (você pode fritar na própria gordura do bacon), sal e pimenta do reino. As carnes podem voltar à panela para servir tudo junto. Acompanhe com uma boa farofa, arroz branco, laranja picada e couve mineira. Eis a fórmula do sucesso!

Não deixe de ouvir a versão de rádio desta reportagem, está realmente uma delícia!

 

 

 

 

 

O médico que usa as panelas contra o câncer

Dieta centrada em vegetais é importante aliada no tratamento contra o câncer.

Quimioterapia, radioterapia, cirurgia: nomes que assustam só de ouvir. Entretanto, a cura de um câncer não depende apenas disso, ela vem da geladeira também. Os poderes dos alimentos para tratar e evitar doenças pode não ser uma novidade para muitas pessoas, mas quando deixam de ser apenas uma crendice popular para um fato cientificamente comprovado e utilizado na medicina, fica mais do que evidente a necessidade de mudar a dieta.

O médico oncologista e nutrólogo Bruno Conte, do Instituto de Oncologia e Hematologia Hemomed, em São Paulo, aplica os poderes das frutas, verduras, dos legumes e das especiarias no combate à doença. Ele alia ao tratamento de seus pacientes a dieta centrada em vegetais, seguida pelo próprio médico e sua família.

Além de médico, ele é cozinheiro de mão cheia e mostra na prática que pratos saudáveis têm sim muito sabor. Eu participei da oficina de gastronomia promovida pela TV Armário Feminino, em São Paulo, onde o Bruno Conte ensinou receitas deliciosas e 100% saudáveis. Tive a oportunidade de degustar pratos incríveis totalmente veganos e com quase nada de gordura.

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Oncologista e Nutrólogo Bruno Conte à esquerda. Chef Wesley Morales à direita. Foto: TV Armário Feminino

De entrada, uma salada de cevadinha com vegetais crus, como cenoura, salsão, cebola roxa, alho poró, especiarias, azeite extravirgem e suco de limão. Depois, fusili integral com bolonhesa de lentilhas e tomates frescos acrescido de creme de castanhas com ervas e especiarias, como curry, para deixar cremoso. Por fim, foi preparado um estrogonofe de cogumelos Paris e Shitake, o creme de leite foi substituído por creme de castanha de caju, que foi misturado a extrato de tomates frescos e açafrão. O creme de castanha de caju é super simples de fazer, basta deixar as castanhas de molho na água por no mínimo 4 horas e máximo 2 dias. Depois é só colocar no liquidificador as castanhas com metade da água utilizada e bater. Também foi servido um suco de beterraba com maracujá e frutas vermelhas.

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salada de cevadinha

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massa com bolonhesa de lentilhas

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estrogonofe de cogumelos

Todas as delícias sem nada de origem animal. As únicas gorduras foram o pouco azeite extravirgem da salada e a própria gordura das castanhas de caju. O segredo para tanto sabor são os temperos: tudo é rico em ervas e condimentos como cúrcuma, cominho, pimenta preta e curry. “Todos são ótimos, fica a gosto de cada um o que usar, mas quanto mais variedade, melhor”, explica o médico cozinheiro.

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Temperos são uma das recomendações

A alimentação proposta prioriza frutas, legumes, arroz e massas integrais, além de eliminar qualquer tipo de óleo, mesmo o azeite, que ocasionalmente é utilizado em quantidades mínimas. Para os refogados são usados caldos de vegetais, que além de ajudar a refogar, dão cor, sabor e nutrientes.Uma pequena dose diária de nozes também é recomendada. Entretanto, ele não usa a palavra “proibido” em seus cardápios. “Não gosto de falar em proibição por gerar um estigma, falo em produtos que devem ser evitados, comidos ocasionalmente, proibido é o cigarro, por exemplo”.

Os itens que estão na lista a ser evitada são as carnes processadas, como bacon, linguiça, salsicha e até mesmo os frios, como peito de peru. “As pessoas comem peito de peru defumado, por exemplo, esperando ter uma alimentação saudável, mas não é”, alerta o oncologista. Segundo Bruno Conte, há uma recomendação da Organização Mundial de Saúde para evitar estes produtos. “Foi lançada uma nota em 2015 assinada por especialistas do mundo todo que diz que carne processada gera câncer de cólon. Não há uma quantidade segura que possa ser recomendada, o ideal é evitar”, conta o médico. Já as carnes não processadas são permitidas, desde que seja com muita moderação, como um pequeno bife uma vez por semana.“Carne vermelha pode, mas com moderação, ela é um carcinogênico grau 2, ou seja, um carcinógeno provável”, alerta.

Alimentação sem ítens de origem animal é perigosa?

A primeira pergunta que fiz ao médico foi sobre o risco de faltar ferro e vitamina B12 ao eliminar o que for de origem animal. Como médico, Bruno Conte foi categórico: não há risco de haver carência se a dieta for corretamente seguida, ou seja, com variedade de alimentos e suplementação adequada. “O ferro da carne vermelha é extremamente inflamatório, que é o ‘Ferro M’. Apesar da biodisponibilidade deste elemento na carne ser maior, tem esse risco. Já os vegetais como lentilha, grão de bico, couve e brócolis têm ferro ferro e não é o ‘Ferro M’, por isso o organismo absorve melhor”. Já em termos de vitamina B12 ele explica que há cereais acrescentados de B12, além de suplementos com preços muito acessíveis.

Oficinas

As oficinas de gastronomia fazem parte da rotina do médico. Elas são ministradas no Hemomed aos pacientes e seus familiares. Nos encontros o oncologista dá dicas como preferir cebola roxa a cebola branca, já que a roxa tem mais antioxidantes; salpicar espinafre cru nas preparações, usar e abusar da cúrcuma, que tem propriedades contra o câncer, além dos poderes do alho e do cominho, excelentes anti-inflamatórios naturais.

A oficina que assisti, da TV Armário Feminino, teve participação da nutricionista Maiara Oliveira e dos chefs Andresa Fortes e Wesley Morales,que embasaram os ensinamentos do médico e deram dicas para dar mais sabor sem perder nutrientes.

Não existe sensação melhor que comer algo maravilhoso e saber que não está fazendo mal à saúde, comer sem culpa é ainda mais gostoso.

As receitas completas estão disponíveis na TV Armário feminino.

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