Receita, que é bem antiga, teria sido criada para entreter as crianças que não podiam sair para brincar nos dias de chuva.
Bolinho de chuva é aquela coisa gostosa que faz parte da infância de muita gente, é uma daquelas receitas que desperta memórias afetivas.
Você já parou para pensar que ele pode ter tudo a ver com este momento de pandemia do novo coronavírus, sabia? Eu descobri isso isso há um tempinho, mais precisamente no início de Abril. Meu marido e eu pedimos pão em casa por um aplicativo de entrega. Ainda era início da quarentena aqui em São Paulo e não queríamos deixar nosso hábito de comer pão francês novinho no café da manhã de sábado. Adoramos pão francês, ou como dizemos em Porto Alegre, cacetinho. No entanto, evitamos durante a semana porque né, tem a balança.
Pedimos nosso pãozinho da padaria Viana, localizada no bairro do Paraíso, na capital paulista. Eles gentilmente enviaram uns bolinhos de chuva de brinde acompanhados de um bilhetinho explicando o significado daquele mimo. Segundo o textinho, em alguma tarde chuvosa no século passado alguém teve a ideia de fazer bolinhos fritos e passar no açúcar com canela para entreter as crianças que estavam triste por não poderem sair para brincar. Hoje a chuva que estamos esperando passar é outra, estamos todos em casa aguardando a vida voltar ao normal, então vamos comer deliciosos bolinhos de chuva!
Até postei no stories do Instagram do Entre Cozinhas e Histórias!
Estavam muito bons! Achei tão fofo que decidi procurá-los. Quem conversou comigo foi o Daniel Relvas, sócio e diretor administrativo da padaria. “Meus filhos estão tendo aula em casa, a minha filha mais nova está no maternal e recebeu uma receita de bolinho de chuva para preparar com a família. Fizemos, gostamos muito e e meu filho ideia de fazer na padaria, até que minha esposa sugeriu enviarmos de brinde com este bilhetinho, foi um trabalho em família”, revela.
A receita foi dada pela professora Bárbara Galter e não tem segredo:
De fato foi uma ótima surpresa e tornou nosso sábado mais leve. Estavam deliciosos.
Você pode e deve ouvir o podcast com esta história pela RW Cast ou pelo seu agregador de podcast preferido!
Foi graças aos conhecimentos de Ângelo Bonometti que se produziu a farinha adequada para a fabricação de panetones e pães maravilhoso no Brasil.
Com a proposta de servir amor e carinho no formato de pães, bolos e biscoitos, a Casa Bonometti faz mais que fabricar pães de fermentação natural e panetones tradicionais: Ana Carolina e Luciana resgatam a história da família, que teve a farinha como a “massa madre” de suas vidas. Os conhecimentos tão especiais permitiram a fabricação de típicas receitas italianas no Brasil, como o panetone, e elevaram o pãozinho ao patamar de obra de arte, misturando história, gastronomia e sentimentos. Para eles, o pão não é apenas um produto a ser comercializado, é mais do que isso: representa a cultura desta família ao longo das gerações, que no século XX cruzaram o Atlântico sem esquecer a mágica mistura de farinha, água e fermento. O pão tem um significado especial e único para os Bonometti, cuja identidade se mescla à receita de um dos alimentos mais antigos do mundo.
Família Bonometti em matéria publicada em um jornal da cidade de origem, na Itália, sobre o sucesso alcançado no Brasil.
Portanto, em Outubro, mês em que é celebrado o Dia Mundial do Pão (16/10), a história a ser contada é a deles, em especial, a de Ângelo Bonometti, o patriarca que trouxe na bagagem conhecimentos adquiridos desde a infância, na Itália. Esta é uma das mais belas histórias relacionadas à comida que conheci. Eles lidam com produção e moagem de farinha desde tempos não documentados em seu país de origem. Raízes que são exaltadas na Casa Bonometti, localizada no bairro Higienópolis, em São Paulo. Fui lá e conheci pessoas apaixonadas pelos pães e massas. Foi uma das sócias, Ana Carolina Bonometti, que me contou a história. Ela e a irmã, Luciana, criaram a loja como forma de resgatar o nome da família, em especial do avô, falecido em 1995, que trouxe toda essa paixão e conhecimento.
Quem foi Ângelo Bonometti?
Ângelo Bonometti logo que chegou em São Paulo, na década de 1950Ângelo Bonometti entre o pai e o primeiro filho, nascido no Brasil.
Nascido e criado em uma família dona de um moinho, o Molino Bonometti, na cidade de Desenzano del Garda, na região da Bréscia, ao Norte da Itália. Apesar de uma longa tradição com magoem de trigo, o moinho próprio foi adquirido apenas em 1900 e era de toda a família, incluindo tios e primos. A estrutura era movimentada pela força da água, já que uma característica da região são os diversos rios e quedas d’água. Eram moídos principalmente trigo e milho, sendo este para a tradicional polenta, preparada com uma farinha mais grossa que o nosso fubá.
Antigo Molino Bonometti, na Itália.
A Carol me explicou que naquela época eram comuns as trocas de produtos e serviços em vez do uso do dinheiro, e moer grãos era um serviço bastante requisitado. “O vizinho plantava trigo e levava até o outro, que tinha um moinho. A farinha produzida era divida entre eles, como forma de pagamento”. Ela poderia ser trocada ainda por outro ítens, como peixes e demais serviços, assim girava a economia. Como as farinhas de trigo e de milho são fundamentais na dieta do italiano do Norte, os moinhos viravam pontos importantes de troca e com o Molino Bonometti não foi diferente. “Quando há fotos históricas da região é possível ver meus antepassadas em frente ao moinho, pois era um marco”. O avô da Ana Carolina e da Luciana nasceu e cresceu nesse contexto em que o moinho ia além de garantir, literalmente, o pão de cada dia. Virou um símbolo pela qualidade, chegando a ser premiado em Paris no ano de 1912 pela excelência.
Todavia, tudo ruiu com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A Itália, como tantos outros países, ficou devastada e o moinho acabou destruído, “um moinho tão elegante, que ganhou prêmio em Paris em 1912 pela qualidade da farinha, foi perdido”, lamenta Carol, que conta que tem hoje exposta na loja apenas a réplica da medalha conquistada na França. A família passou por dificuldades para reconstruir a vida e precisou vender a medalha original, de ouro, para comprar comida, restando apenas uma réplica de latão. Foi quando Ângelo decidiu viajar para a América do Sul, em 1948. O primeiro destino foi a Argentina, só depois veio ao Brasil, em 1952. Diversos detalhes de sua história foram revelados por ele mesmo em seu diário, como seus pensamentos, ideias e experiências. Isso permitiu que seus descendentes conhecessem mais sua personalidade. Carol define seu ancestral como uma pessoa ambiciosa, visionária e, acima de tudo, de bom coração. Ela não segura a emoção ao lembrar: ” todos que conheceram meu avô só falam coisas boas sobre ele”.
Ângelo Bonometti retomou o trabalho no Moinho Progresso e, assim como ele, seus filhos cresceram no moinho, inclusive a mãe da Carol e da Luciana. “Meus tios e minha mãe cresceram nesse dia a dia do moinho e seguiram carreira na indústria de alimentos”. A mãe dela se formou em Farmácia com especialização em alimentos, o tio é engenheiro de alimentos e se especializou em moagem, foi um dos primeiros brasileiros a estudar o assunto em Harvard, nos Estados Unidos. E foi com essa relação carinhosa com a comida que a geração da Carol cresceu, vendo o nonno apaixonado pelo trabalho e a nonna cozinhando maravilhosamente bem. “Assim que a minha irmã se apaixonou por confeitaria”, revela. A Luciana estudou no Brasil, na Argentina e, por fim, na Itália, onde se especializou em pães, panetone e, principalmente, biscoitos, o seu carro chefe.
“Queríamos trazer com força o nome Bonometti, pois a gente deve a nossa origem a essa paixão pela panificação, para mim é a continuação de algo que vem de lá de trás, continuar o que não pode ser continuado devido à guerra”
Luciana Bonometti, à esquerda, e Ana Carolina Bonometti, à direita.Nonno Ângelo com os netos: Ana Carolina à direita, de vestido, e Luciana, à esquerda.
Até que surgiu a ideia de criar um lugar onde as pessoas pudessem ter a mesma relação com a comida. “Queríamos trazer com força o nome Bonometti, pois a gente deve a nossa origem a essa paixão pela panificação, para mim é a continuação de algo que vem de lá de trás, continuar o que não pode ser continuado devido à guerra”, revela Ana Carolina. É mais que um negócio para elas, é a uma tradição de família e um resgate, como definem, “queremos contar nossa história e trazer toda essa memória afetiva. Não servimos apenas um pedaço de bolo, servimos um pedaço de amor, de carinho”.
“Não servimos apenas um pedaço de bolo, servimos um pedaço de amor, de carinho”.
Os pães são à base de fermentação natural e Ana Carolina define como a materialização desse carinho. “A massa madre é um ser vivo, é uma massa que precisa de cuidados, um ser fruto de carinho, uma vida gerada”, define. O pão é tão precioso que há muitos cuidados com o que sobra: tudo é doado para uma ONG, já que a lei permite doar pães.
O primeiro panettone do Brasil
Na época em que Ângelo Bonometti chegou ao Brasil, o trigo era fornecido pelo governo, dessa forma não era possível escolher o produtor, chegavam grãos de diversos tipos misturados. Isso dificultava a vida da indústria alimentícia, já que alguns, pela concentração de glúten e demais características, são melhores para pães, outros para massas, além dos tipos ideias para biscoitos, ou seja, cada receita pede uma variedade. “Muita gente pegava o que recebia e moía tudo junto mesmo, mas o meu nonno analisava todo o carregamento e separava cada tipo”, explica Carol. Para isso, ela me explicou que se pega um punhado de farinha, mistura com água, amassa e faz uma bolinha. Em seguida, é preciso lavar essa bolinha com água corrente até que a água não saia mais branca, sobrando apenas o glúten. ” Ele pegava o glúten e sabia para qual produto servia, só no toque”. A minúcia do nonno Ângelo gerava confiança nos clientes, entre eles Luigi Bauducco, o criador da Bauducco e primeiro a produzir panettone em larga escala no Brasil. A receita natalina é muito especial e não pode ser preparada com qualquer farinha, logo, somente Ângelo Bonometti seria capaz de fornecê-la. “Meu nono separava o ano inteiro a farinha do tipo necessário e vendia para o Bauducco fabricar seus panetones”.
Não só o Sr. Bauducco como outros clientes só queriam a farinha Bonometti. “Ele levava na casa dos fregueses, pois já sabia seus gostos. Meu avô conquistava as pessoas com um saco de farinha, a vida dele era isso”. Diversas marcas só compravam dele, outra que continua ainda nos dias atuais é a fabricante de massas Adria.
A missão agora é dar continuidade e cultivar a “massa madre” da família para que não acabe.
Milk-shake de pudim, sanduíche de pastel, batata split. A criatividade não tem limites!
São Paulo é chamada de capital brasileira da gastronomia e faz jus ao título. Nesta cidade, você pode provar de tudo, de tudo mesmo! Conheci alguns lanches super legais que me obrigaram a falar sobre isso, afinal, o brasileiro é criativo.
BATATA SPLIT
A combinação de batata frita com sorvete pode não ser novidade, mas esta sobremesa é. Eles fritam batata canoa e envolvem no açúcar com canela. O sorvete e as coberturas ficam à escolha do freguês. É realmente ma-ra-vi-lho-sa! A batata pura não é doce nem salgada e prepará-la assim foi uma excelente ideia! Você pode usar a própria batata como colher e se deliciar com o contraste da batata quente e crocante com o sorvete.
Batata Split com sorvete de creme americano e cobertura de Nutella
MILK-SHAKES DE PUDIM E DE UNICÓRNIO
Se existir um troféu Diferentão SP vai para o Chippers. Impossível não se encantar com suas invenções que, além de bonitas, são deliciosas. O Milk-shake de pudim tem um pudim de verdade e delicioso em cima e a bebida toda tem seu sabor. Além disso, você não usa colher para comê-lo! Você fura o doce com o canudo e chupa! Virá o pedaço de pudim com a bebida. Já o de unicórnio tem sabor de infância, simplesmente isso! É feito com um sorvete exclusivo que mescla sabor de framboesa azul e de chiclete. Não é enjoativo, é na medida, recomendo demais, pois não é apenas um lanche decorado, o sabor casa perfeitamente com a proposta.
Foto: Márcio Coronato
Sorvete especial
LANCHE DE PASTEL
O Partiu Pernil juntou o sanduíche de pernil com pastel e o resultado é este. Um sanduíche crocante. No entanto, tem que comer com talheres, porque faz bastante farelo.
KIBIZZA
A Kibizza na verdade passou para a categoria de lanches misteriosos. Eu provei em dezembro do ano passado no Bar Violeta, localizado na rua Augusta, centro de São Paulo. Era madrugada e meus amigos pediram este ítem super diferente do cardápio. Foi uma das combinações mais malucas que já vi. Era uma pizza, mas em vez da massa, era kibe. Fizeram um kibe em formato de disco e por cima puseram as coberturas. Havia sabores como calabresa, portuguesa, enfim, os tradicionais de pizza. Ficou bom, mas o estranho de tudo isso é que voltei lá para comer novamente e fotografar, mas não achei. Mais do que isso, o garçom nunca tinha ouvido falar. Se eu não estivesse com um grupo de amigos como testemunhas naquela noite, eu diria que sonhei. Mas é isso, você pode tentar fazer em casa. Infelizmente não tenho foto, então tente imaginar ou busque fotos nas redes sociais.
No aniversário de São Paulo, conto a história do sanduíche de mortadela, que virou símbolo da comida paulistana.
Sabe aquele brilho no olhar de quando alguém fala sobre o que realmente ama e se orgulha? Foi o que vi ao conversar com o Marco Antônio Loureiro, o proprietário do Bar do Mané, no Mercado Municipal de São Paulo, no centro da capital paulista. Não é para menos, foi lá que criaram o lanche que virou um dos símbolos da gastronomia paulistana: o sanduíche de mortadela. Não é um sanduíche qualquer, é aquele enorme que leva 350g de mortadela fatiada e que o pessoal adora fotografar para mostrar que é real. O estabelecimento nasceu junto com o Mercadão, em 1933. A inauguração do primeiro grande centro de compras da cidade estava prevista para 1932, mas, devido à Revolução Constitucionalista, naquele ano, foi adiada.
Marco Antônio não esconde o orgulho de seguir a tradição sem perder qualidade.
A história do bar iniciou com Jeremias Cardoso Loureiro, avó de Marco Antônio, e o primo, Alberto Loureiro. Eles vieram de Portugal sem a família, que chegou depois. Ambos eram de Lamego, Norte de Portugal, onde exerciam a profissão de padeiro. Os imigrantes começaram a trabalhar naquele mesmo lugar do bar atual como funcionários. Entretanto, a situação durou cerca de 3 meses. O proprietário decidiu abandonar o negócio por acreditar que não iria vingar. “O Mercado era um monstro para a época, São Paulo era pequena”, conta Marco Antônio. O então dono ofereceu a oportunidade a Jeremias, que prontamente aceitou. Após isso, ele trouxe a esposa e o filho, Manoel, que seria o “Mané”.
Localizado no Box 14 do Mercadão, o Bar do Mané virou referência.
Antigamente era comum os estabelecimentos levarem o nome dos donos, então passou a ser Bar do Jeremias. No entanto, ao chegar a vez do filho, o que estampou o letreiro foi o apelido pelo qual era conhecido por todos: mané. “Ele trabalhou dos 9 aos 79 anos de idade aqui e eu quis deixar esta homenagem”, revela Marco Antônio ao explicar o porquê de permanecer o mesmo nome. Assim seguiu a tradição. Marco Antônio, como o pai, começou na infância. “Meu pai me chamava quando havia muito movimento para ajudar, lavando copos, servindo café, e com meu filho foi a mesma coisa”. Apesar disso, os estudos nunca ficaram de lado. O filho, Willian, hoje com 31 anos, estudou Gastronomia para seguir com o negócio. “Partiu dele, não fui eu que obriguei”, conta o proprietário. Na família, o assunto à mesa é o Mercadão e o bar. O filho já trouxe algumas inovações ao cardápio, mas todo o cuidado é pouco para não perder a essência. “Eu transformei o nome do meu pai em uma marca e hoje todo mundo conhece como Bar do Mané, mas os clientes antigos ainda lembram do meu pai quando se fala o nome”. Seu Manoel só parou de trabalhar quando morreu, em 2005.
Como começou o sandubão?
Dica: não deixe de provar os molhos de pimenta
Voltando às décadas anteriores, os frequentadores chegavam cedo para comprar frutas, verduras, legumes, carnes e peixes para seus hoteis, açougues, restaurantes e quitandas. “Vinham e acabavam passando no bar para tomar café. Foi aí que meu pai e meu avô tiveram a ideia de fazer lanches rápidos, pois os clientes sempre estavam com pressa”, explica. Os sanduíches já ficavam prontos no balcão e tinham tamanho “normal”, com duas ou três fatias. Os mais pedidos eram os de copa, salame ou mortadela.
A polêmica começou com o fim da Tabela da Sunab, que fixava os preços nos bares. Com a possibilidade de ajustar livremente os preços, seu Manoel reajustou os lanches, mas não aumentou a quantidade de recheio. Isso gerou reclamações, então surgiu a ideia de oferecer dois tamanhos: o sanduíche da tabela, tradicional e mais barato, e o lanche caprichado, com 100g de mortadela. “Na época, 100g era um exagero”, lembra Marco Antônio. Até que um dia, funcionários decidiram fazer uma brincadeira com um freguês e puseram muito mais fatias dentro do pão. A ideia foi aprovadíssima e, no boca-a-boca, o bar começou a ser procurado pelo “lanche grande”. Hoje, a atração leva 350g do ingrediente. O sucesso é grande, em oposição ao pequeno espaço de 45m² onde sempre funcionou. “Cai a ficha quando chegam pessoas de outros estados e países querendo provar”, ressalta o dono. Diversas celebridades já visitaram, o destaque vai para o tenista Roger Federer, em 2012. “Ele é muito simpático e atencioso, mas é claro que não comeu tudo”, brinca.
Isso tudo gera muita cobrança. “Temos um nome, precisamos manter a qualidade”. Marco Antônio chega diariamente às 2h30 da madrugada para não perder a tradição de servir o café da manhã aos feirantes a partir das 4h e, depois, aos primeiros clientes do dia. A mortadela é de uma marca selecionada e é entregue diariamente para estar sempre nova. “A gente sente orgulho, essa história se mistura com a da minha família, aqui é a minha casa”.
O cardápio conta a história para que todos tenham dimensão da importância do local. O menino em frente ao balcão era um cliente e nunca conseguiram descobrir sua identidade.
Um bom Prato Feito exige tanta técnica quanto um prato de luxo.
Comida boa não precisa ser cara, tem que ser gostosa, e ponto. É por isso que o tão conhecido Prato Feito, ou PF, continua a ser a opção diária de muita gente que busca aliar uma alimentação reforçada a um precinho camarada.
Esta alternativa teria ganhado força nos restaurantes populares brasileiros na década de 1950, quando começou a aumentar a população nas cidades. Os trabalhadores precisavam de um almoço bom e barato, então os restaurantes começaram a oferecer a opção. Geralmente ele é composto por arroz, feijão, bife e ovo frito. Há variações com farofa, salada e batatas fritas.
O PF tem sim muito valor. Segundo o Chef Cássio Naiff, de Porto Alegre, este prato não deve ser menosprezado: “Um bom PF exige tanta técnica quanto um prato de um restaurante de luxo”, explica.
O Entre Cozinhas e Histórias mostra agora como preparar um arroz soltinho e saboroso, um bife suculento e dourado e um ovo frito perfeito! “Feijão eu prefiro deixar para cada um fazer o seu, há muitas formas de preparar”, pondera o Chef.
Ovo frito perfeito:
De acordo com Cássio Naiff, não é apenas jogar na frigideira com óleo: “o que ovo que você frita e fica crocante e queimadinho nas bordas é o ovo estalado, não o ovo frito”. Então como faz? É simples.
Nosso chef explica que basta colocar a frigideira no fogo. Ao esquentar se coloca manteiga e um fio de azeita, em seguida entra o ovo. Deixa fritar por 2 minutos e desligar. Em seguida coloque uma tampa na frigideira e espere 5 minutos. Ao abrir estará lá o ovo frito perfeito! “O ovo estará perfeitamente cozinho, coma clara firme e sem bolhas e a gema nem mole, nem dura, mas firme e cremosa”, revela o chef. O tempero pode ser apenas sal, mas se preferir, coloque também pimenta preta moída na hora.
Arroz branquinho, soltinho e gostoso:
Não tem erro! Basta pegar uma panela com uma parede mais alta, água quente, alho, azeite e sal. A panela vai ao fogo com o azeite, o arroz e o alho picado. Mexa, mas não deixe o arroz mudar de cor. “Uma dica é colocar um pouco de sal enquanto frita, pois é neste momento em que o grão absorve melhor o sal”, orienta Cássio.
Adicione a água quente, deixe sempre um dedo de água acima do arroz. Baixe o fogo e deixe a tampa entreaberta. Ao observar os furinhos desligue e deixe a panela fechada por alguns minutos. Um dica é colocar uma folha de louro para ferver na água, dá um toque.
Bife bom:
É uma técnica simples. “Sempre me incomodou aquele bife cinza e seco”, conta Cássio. Para que não fique assim, deixe a panela ou a frigideira super quentes, saindo fumaça. A carne pode ser tempera a gosto antes ou depois de ser frita. Coloque na frigideira (ou panela) bem quente, isso irá selar a carne, ou seja, ela ficará dourada e irá manter os líquidos. Em seguida coloque o óleo. Deixe 2 ou 3 minutos. Se a peça for mais alta e você quiser bem passada, leve ao forno bem quente depois para terminar de cozinhar por dentro. O tempero pode ser sal e alguma erva, como tomilho. Também pode fritar junto com um dente de alho esmagado. Se quiser usar manteiga deve-se ter cuidado, pois ela queima rápido. É recomendado misturar com óleo e se fizer questão de usá-la, prefira adicionar no final, apenas para derreter e dar sabor.
Estas são algumas dicas profissionais. Entretanto, nosso entrevistado ressalta que o importante é ser bom, “O melhor prato aquele que a gente gosta de comer”.
Amor em forma de açúcar, manteiga e farinha. Esta é a receita de sucesso do Matheus Gabrielli.
21 de setembro, na quinta-feira da semana passada, foi o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Decidi ir atrás de histórias inspiradoras relacionadas à gastronomia e, para minha alegria, encontrei muitas. Apesar de publicar aqui no blog uma semana depois da data, acredito que continua valendo, afinal, inclusão é um tema para ser abordado todos os dias.
A versão de rádio foi ao ar no dia 21/09 pela Agência Radioweb e você pode ouvir aqui.
Eu conheci o Matheus Gabrielli, um jovem de 25 anos que, como tantos outros brasileiros, decidiu empreender após perder o emprego. Até aí nada novo, muitos fazem o mesmo, no entanto, ele tem Síndrome de Down, o que seria um obstáculo aos olhos de muita gente, exceto para ele e sua família. Ele vende biscoitos amanteigados e faz sucesso, a receita é da família. A mãe, Sandra Gabrielli, conta que a ideia surgiu por acaso, há cerca de um ano, em um momento de tristeza do rapaz. “Ele estava triste porque perdeu o emprego na empresa onde trabalhava. Eu disse que ele poderia trabalhar de outras formas, por exemplo, vendendo estas bolachas para seus amigos, na hora o Matheus se empolgou”. Sandra compartilhou no Facebook e os amigos começaram a comprar. Chegou o momento em que decidiram dar mais um passo: ela publicou em um grupo no Facebook, chamado Rede Dots, onde pessoas divulgam seus trabalhos e ideias. Segundo Sandra, o sucesso foi rápido. “Em pouco tempo eram mais de 600 comentários de interessados”, lembra.
Eles fazem as entregas nas catracas de metrô de São Paulo por toda a cidade. Inclusive, no dia em que liguei para fazer esta entrevista, eles tinham acabado de voltar de uma entrega. Para o cozinheiro, é importante conhecer o seu público. “Eu que entrego e gosto muito”, afirma o rapaz. Hoje, em função da demanda, foi necessário criar uma agenda. A entregas ocorrem todas as quintas-feiras, fora isso, é possível encontrá-lo aos sábados vendendo seus amanteigados no Café Chefs Especiais, na Rua Augusta, capital paulista, onde o empreendedor é visto conversando e interagindo com o público animadamente. “Ele precisa de tempo para preparar a massa e para suas outras atividades, o Matheus é fotógrafo, faz teatro e dança zumba”, explica a mãe.
Mais do que uma forma de ganhar o próprio dinheiro, a cozinha foi um meio de resgatar a auto estima e a independência. Matheus despertou para a gastronomia graças ao Instituto Chefs Especiais, local que frequenta há oito anos. Hoje, ele é apaixonado pelas panelas e produz sozinho seus biscoitos. “Ele que faz, mas outras receitas mais complexas preparamos juntos, ele adora cozinhar”, conta Sandra.
Bolacha sabor baunilha, deliciosa!
No dia em que liguei, o jovem estava justamente testando o vídeo game que havia acabado de comprar com o próprio dinheiro. Ele guarda seus lucros em um cofre. Curiosa, decidi ir conhecê-lo no sábado após esta entrevista. Cheguei lá e restavam poucos pacotes, todos do sabor baunilha, os demais estavam esgotados. Matheus me recebeu com um abraço apertado e sincero que transbordava amor. Foi um dos abraços mais gostosos que recebi na vida. Tão gostoso quanto as bolachinhas, que tive o prazer de degustar. São deliciosas, têm sabor de infância, de casa de vó. Provavelmente, graças ao amor e à dedicação do Matheus no preparo. Recomendo muito!
Onde comprar?
As entregas ocorrem em São Paulo e eles aceitam diversas formas de pagamento.
São seis sabores: baunilha, canela, laranja, limão, goiabada e coco.
Uma lista de curiosidades super legais sobre gastronomia!
Aqui tem uma lista de curiosidades em constante crescimento. Se quiser aprofundar mais nestes assuntos, é só acompanhar as matérias do Entre Cozinhas e Histórias no blog e pela Agência Radioweb.
O bauru não surgiu no município de Bauru, em SP. Ele foi criado na cidade de São Paulo
Abacate na sobremesa é só no Brasil mesmo. Nos outros países, ele é comido em preparações salgadas. Causa bastante estranhamento nos estrangeiros falar na versão doce
Na Polônia, há receitas de doces que levam alho, cebola e chicória
Brasileiros já precisaram fazer uma petição para poder comer frango
O pão de queijo se espalhou pelo Brasil a partir da década de 1950, antes disso, só se encontrava em Minas Gerais e sua receita era secreta
Você já ouviu falar da Revolta da Cachaça? Foi em 1660. Portugal não permitia a fabricação e comercialização da bebida. Apenas no dia 13 de setembro de 1661 a Coroa mudou de ideia e derrubou a proibição. Ficou instituída esta data como o Dia Nacional da Cachaça
Dom João VI amava carne de galinha, principalmente as coxas. Há relatos de que ele comeria de duas a três aves inteiras por dia
Em países como Tailândia e Japão não se come feijão salgado, mas doce
De acordo com a ABIMAPI (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados) 110 milhões de brasileiros usam o termo bolacha, enquanto que 99 milhões chamam de biscoito.
Na Tailândia você não vai encontrar facas na mesa, eles usam apenas garfo, colher e hashis, pois a comida já vem picada
O bolo de chocolate teria surgido em 1674, na Inglaterra. Tiveram a ideia de adicionar cacau à massa e de lá para cá é só amor
O Dia da Pizza surgiu em 1985, no estado de São Paulo. O então secretário de Turismo, Caio Luiz de Carvalho, promoveu um concurso para eleger as dez melhores receitas de mozzarela e margherita. O sucesso do evento fez com que a data de seu encerramento, 10 de julho, ficasse instituída como o Dia da Pizza. A data hoje também é comemorada em outros estados.
O chocolate considerado verdadeiro não tem leite e leva pelo menos 25% de massa de cacau. As marcas comerciais não são consideradas chocolate de verdade, segundo os especialistas (sigo amando da mesma forma)
A Rainha Elizabeth é chocolatra assumida e já comeu chocolate brasileiro
O estrogonofe verdadeiro não tem catchup nem tomate
A massa não foi criada pelos italianos, e sim pelo chineses
A cerveja foi criada pelos egípcios
Bolinho de aipim é um típico petisco brasileiro, o primeiro de todos!
A feijoada e o feijão com arroz não são originalmente brasileiros
A coxinha é criação brasileira
Batata, tomate, milho e cacau não existiam na Europa, vieram todos das Américas
O Falafel, bolinho frito de grão de bico típico do Oriente Médio, é ancestral do acarajé
A imagem original que usei para esta montagem está disponível neste link, conforme os direitos autorais.
A última quarta-feira foi dia 29. Desde de criança eu ouço que dia 29 é dia de comer nhoque (gnocchi) para ter dinheiro. Eu não fujo à tradição, afinal, não preciso de muitos motivos para degustar aquela massinha de batata com um belo molho de tomate e muito, mas muito, queijo parmesão ralado!
Para mim, faltam alguns quilos de queijo ralado aí nesse prato.
O nhoque da sorte é uma tradição de origem italiana. Conta a lenda que em um certo dia 29, São Pantaleão andava pelas ruas de um vilarejo da Itália vestido como um andarilho qualquer. Ele estava faminto e recebeu ajuda de apenas uma família. Apesar de terem pouco a oferecer, ele foi convidado para sentar à mesa com eles.O prato era nhoque e, tinha tão pouco, que foram servidos exatamente 7 nhoques para cada pessoa. São Pantaleão matou fome e, ao sair, desejou sorte aos anfitriões. Na hora de recolher a louça, eles encontraram várias moedas embaixo de cada prato. Desde então, dizem que é preciso comer nhoque todo dia 29 sem esquecer de colocar uma moeda ou nota de dinheiro embaixo do prato. Ao saborear os sete primeiros se deve mentalizar pedidos para que nunca falte comida na mesa nem dinheiro no bolso.
Alguns dizem para guardar o dinheiro até o dia 29 seguinte e gastar só depois disso, outros afirmam que é para doar a quem precisa. Independente do que você acredita ou não, não custa comer este prato, vai que dá certo?
O prato símbolo da cozinha brasileira tem origens europeias. Mas isso não importa, ela é o acompanhamento perfeito para uma caipirinha de cachaça e um bom samba! Saiba mais sobre isso e ainda aprenda uma receita do Rio de Janeiro!
Falou em Brasil, falou em feijoada. Principalmente se essa imagem de Brasil tiver uma caipirinha e um samba. Entretanto, um dos maiores símbolos da gastronomia nacional não foi criado aqui, tem origens europeias. Os portugueses, em especial no Norte do país, comem e já comiam porco e feijão preto, ingredientes básicos da receita. O que fizemos aqui foi dar nossos toques especiais e elevar o sabor ao patamar que conhecemos. Isso realmente faz sentido, afinal, feijoada é um prato pesado que não combina com o calor do Rio de Janeiro, por exemplo, onde é super popular.
Quem me contou estes fatos foi o historiador Milton Teixeira. Segundo ele, a versão de que a feijoada surgiu com os escravos, que a preparavam com as partes do porco que os senhores não queriam, como rabo e orelha, é falsa. “Todos os países europeus têm pratos assim, com carnes variadas, conforme a disponibilidade local. Nossa feijoada surge a partir da adaptação de um prato francês, o cassoulet”, (se pronuncia cassulê). O historiador explicou que no século 18 tudo o que era da França virou moda, e não foi diferente em Portugal. O Cassoulet é feito com feijão branco e diversas carnes, como porco, frango e até perdiz, de acordo com o que se tiver. Os lusitanos passaram a usar feijão preto, pé de porco, linguiça e tudo mais que conhecemos. Chegando aqui, ganhou novas roupagens. Hoje os acompanhamentos obrigatórios são arroz, farofa, couve, laranja e torresmo. A farofa é 100% brasileira.
A feijoada, com seus acompanhamentos clássicos, não é mais apenas a comida popular do dia a dia. É Também um cardápio de festa.
Entretanto, não é por ser estrangeira que ela não tem espaço nas nossas panelas e corações. Aqui no Brasil, ela foi transformada em algo especial. No Rio de Janeiro, antiga capital da Corte, eu nunca comi feijoada ruim, sério! Desde os restaurantes mais simples, até os mais caros e grandes eventos, todos sempre servem uma feijoada maravilhosa. Mas o destaque vai para a da Dona Leninha, tia de um amigo. A aposentada Rutelene de Lacerda, ou apenas Leninha, mora em Niterói, região metropolitana da capital fluminense. A feijoada dela está presente em todos os eventos da família, que é bem numerosa. É o cardápio oficial de qualquer festa: de aniversários a reuniões aos domingos. É uma das melhores, se não for a melhor, que já comi na vida!
Dona Leninha começando os trabalhos
Já que vocês, leitores, não podem degustá-la, deixo a receita.
Para 1,5kg de feijão preto ( a família é grande) ela usa uma panela de pressão de 10 litros. Os ingredientes são:
1 kg de carne seca
1 chispe, que é o pé do porco
500g de costelinha de porco defumada e salgada
500g de linguiça calabresa
500g de lombo de porco salgado
200g de bacon
alho
1 cebola
3 folhas de louro
pimenta preta
sal
A carne seca, a costela, o pé e o lombo são deixados de molho já na véspera. No dia seguinte escalde-os umas três vezes para retirar o excesso de sal. Leve-os à panela de pressão com feijão, água, cebola, louro e bacon. Deixe cozinhar por 40 minutos. Depois disso, coloque a linguiça, pois ela tem um tempo de cozimento menor. Conforme as carnes estiverem macias, retire-as. A costelinha, por exemplo, cozinha mais rápido e é bom não deixar que desmanche. Ao final, coloque alho frito (você pode fritar na própria gordura do bacon), sal e pimenta do reino. As carnes podem voltar à panela para servir tudo junto. Acompanhe com uma boa farofa, arroz branco, laranja picada e couve mineira. Eis a fórmula do sucesso!
Não deixe de ouvir a versão de rádio desta reportagem, está realmente uma delícia!
100% brasileiro, mais especificamente mineiro. Foi a nossa primeira opção de pão sem glúten e uma das maiores criações da humanidade.
Dia 17 de de agosto é o dia dele! Sabor e cheiro inconfundíveis que conquistaram brasileiros de Norte a Sul do país. Quando morei fora, senti falta dele, a opção de todas as horas: café da manhã, lanche, café da tarde, qualquer hora pede um pão de queijo. Um de meus irmãos uruguaios é viciado, cada vez que me visita passa em uma padaria, da mesma forma que, quando vou ao Uruguai, sou obrigada a levar a mistura pronta desta receita. Além de ser muito bom, é super indicada para celíacos, já que não contém glúten.
Você sabe o porquê desta data? Eu explico! A apresentadora de televisão Ana Maria Braga, em 2007, lançou um concurso de culinária em seu programa para eleger o melhor pão de queijo do Brasil. A quantidade de inscritos foi surpreendente, chegaram receitas variadas de todas as regiões do país. A final aconteceu no dia 17 de agosto e, devido ao sucesso, virou um marco no calendário para homenagear esse rico patrimônio cultural mineiro e brasileiro.
Não é por acaso que a iguaria é um dos símbolos da maravilhosa cozinha mineira. Como acho que o pão de queijo merece todas as homenagens e deve sim ser motivo de muito orgulho, o Entre Cozinhas e Histórias não pode deixar de falar sobre ele. Conversei com a mestre em história pela Universidade Federal de Minas Gerais, Maria Letícia Ticle, sobre o surgimento deste quitute. Segundo ela, as primeiras receitas teriam surgido ainda no século XVIII, mas não por mera casualidade.
A atividade mineradora, iniciada no território que futuramente seria o estado de Minas Gerais no final do século XVI, atraiu uma quantidade enorme de pessoas em busca das jazidas de ouro e pedras. Isso impulsionou o crescimento populacional e, como consequência, a produção agropecuária, “feijão, milho e mandioca eram itens comuns na mesa do mineiro, assim como a banha e a carne de porco, o leite e seus derivados, especialmente o queijo”, explicou Maria Letícia.
“Doces sonhos são feitos de queijo, quem sou eu para discordar? Paródia da música “Sweet Dreams”
A panificação portuguesa e a francesa, muito apreciadas na época, têm como matéria prima a farinha de trigo, mas o que fazer quando não se tem farinha de trigo? Se não tem pão, come brioche? Não!! Come pão de queijo! Todos os nossos vivas são para as cozinheiras, quase sempre trabalhadoras negras escravizadas. Na tentativa de reproduzir receitas europeias para agradar aos seus senhores, usaram os ingredientes disponíveis e criaram esta belezura.
Segundo a historiadora da UFMG, o trigo era raro na região, “além de ser difícil de importá-lo, era quase impossível sua produção aqui”. Foi aí que tiveram a brilhante, magnífica e incrívilhosa ideia de usar o polvilho.
Podendo ser doce ou azedo, ele é um subproduto da mandioca. Bastou misturar com ovos, leite, banha de porco e queijo, muito queijo! Eis a fórmula do sucesso! O resultado já conhecemos, não preciso nem falar.
Até a década de 1950, o pão de queijo era uma exclusividade de Minas Gerais, até que ele se espalhou pelos outros estados (para a nossa alegria!).
Para a Nossa Alegria, sucesso nas redes sociais em 2012.
A Maria Letícia revelou que, curiosamente, nessa mesma época houve um aumento estrondoso da importação e da produção nacional da farinha de trigo, mas isso não foi um obstáculo para o nosso pãozinho, que se popularizou cada vez mais.
Ah, não menos importante, como tive o privilégio de conversar com uma verdadeira mineira, já publico aqui duas receitinhas bem joia, sendo que a primeira eu já fiz e foi passada por ela. Uma dica que ela deu é sempre colocar muito queijo, pode colocar até mais do que diz a receita.
Receita 1
1kg de polvilho doce
1 copo americano de óleo
1 copo americano de leite
1 copo americano de água
1 colher de sobremesa de sal
0,5 kg de queijo ralado (Canastra curado, mas pode usar outro de sua preferência)
6 a 8 ovos
Ferva a água, o óleo e o leite juntos e despeje sobre o polvilho com sal, desmanchando os grumos bem até esfriar. Depois acrescente os ovos e o queijo, sove bem e faça as bolinhas. Devore!
Receita 2
Ingredientes
200g de Polvilho azedo
200g de polvilho doce
300g de Queijo Canastra meia cura artesanal
100g de Manteiga
300ml de Leite integral
100ml de Água
15g de Sal
4 Ovos
Modo de preparo
Em uma vasilha grande, coloque os dois tipos de polvilho, o sal e misture. Em uma pequena panela, coloque o leite, a água e a manteiga juntos para ferver. Quando começar a borbulhar, mexa para ficar homogêneo e despeje aos poucos todo o líquido sobre os ingredientes. Mexa vagarosamente com auxílio de uma colher e quando esfriar um pouco mexa com os dedos, sem sovar a massa. Deixe esfriar por uns 15 minutos.
Rale o queijo com o lado grosso do ralador e adicione-o junto com os ovos. Misture tudo e amasse a massa com as palmas das mãos até sumirem as bolinhas de polvilho, restando somente os pedaços de queijo.
Unte as mãos com uma gota de Óleo ou Azeite e enrole as bolinhas pequenas (20g cada). Unte o tabuleiro ou forre-o com papel alumínio e coloque os pães de queijo com 3cm de distância entre eles.
Pré-aqueça o forno a 180º e asse os pães de queijo até o ponto de seu gosto!